São as escapadelas sazonais, para os habituais refúgios retemperadores. O Farol, escaldante e calmante, a Culatra pitoresca e piscatória, e a Armona aprazível e acessível. São a tríade em algumas zonas (felizmente) ainda em estado puro, de solidão e de companhia. Barcos a abarrotar de gente e de expectativa, num vai vem constante. Ano após ano é o encontro ou o reencontro, com os que partilham o gosto pelos aromas, e a música do mar. Preocupações e problemas afastam-se em ondas e correntes, regressando mais tarde, progressivamente, com as rotinas do nosso descontentamento. Felizes, causticados e tostados pelo sol, temperados com areia e sal, na ilusão do tempo parado, onde se dorme até tarde, e de tarde. A sensação de liberdade liberta na escravatura da ditadura do relógio. Para o ano estão de volta, com renovadas preocupações; mais rugas, barriguitas mais proeminentes…e menos cabelo.

A Arlapa

Sem formalidades nem palavras de circunstâncias, foi assim de uma forma muito Olhanense, que o Confrade do bate-estacas convidou-me para ocasionalmente partilhar este esmerado espaço. Anacrónica, embaraçada, e cheia de dúvidas metafísicas, é como me sinto. Vacilei, mas cá estou.

Como convidada, hesitei em trazer a pequena monografia de Francisco Guerreiro, ou um galhardete do C. O. Pechão, mas sem razão especial acabei por trazer algo mais pessoal: um cesto de figos da minha figueira predilecta, que preguiçosamente debruça-se sobre a janela da cozinha, como que a dizer-me, que apesar de arcaica e sem miminhos, continua útil e fértil. Uma velha gaiteira, é o que ela é.

Assim, o anfitrião e seus visitantes podem deliciar-se com uns pardinhos, nascidos, recenseados, e residentes em Pechão. Sem certificado de conformidade, mas com garantia de qualidade. Não exagerem.

A Arlapa