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Sábado, 12 de Julho de 2008

A trapalhona aventura marítima ao Brasil de Francisco Leal

Olhão, 12 de Julho de 2008

 

Leitores, houve, que sobre o último post  manifestaram a sua concordância geral, com o aí escrito, mas um por email, discordou completamente, com a violência dos termos particularmente aquando d’ “A trapalhona aventura marítima de Francisco Leal em levar o Caíque ao Brasil é  uma  chafurdice  moral e intelectual….”.
Também para outros leitores que partilhem dessa opinião, julgo por bem explicar-me melhor, para os tentar convencer de como ainda fui bastante condescendente com a linguagem.
Esta de o “Caíque Bom Sucesso” ir ao Brasil, este ano, no âmbito das comemorações dos 200 anos, é como a história da “Nau Catrineta”:que  tem muito que contar, mas por razões vergonhosas e não abonatórias.
Tudo começou quando, a APOS, apresentou e divulgou, a 5 de Fevereiro de 2007, a Proposta de cruzeiro comemorativo do 2º centenário (1808-2008) da viagem marítima Algarve – Brasil…, onde para além dos objectivos não esquecia os recursos a mobilizar.
Um mês depois, 3 de Março, anuncia pela boca do seu presidente no decurso de uma palestra proferida por Adérito Vaz, com o vereador da cultura presente, João Peres, que já tinham sido encetados os contactos, positivos, com a Associação Nacional de Cruzeiros.
No seguinte dia 19, formaliza por escrito a proposta à Câmara, esta no mesmo dia faz um comunicado à imprensa, no barlavento online  ecoa a imaginação diletante do presidente da Câmara, “Esta viagem vai ser vivida novamente por um grupo de pescadores olhanenses, inserida nas comemorações oficiais que a Câmara Municipal de Olhão está já a programar.”, e já estava a ver «audazes» pescadores que teriam que ser mais malucos que AUDAZES na marinhagem de uma réplica de caíque sem condições de navegação à vela nem para ir além do Farol, quando conforme se soube hoje, na Palestra “O Caíque de Olhão”, o Sindicato dos Pescadores nunca foi contactado nesse sentido.
 
Francisco Leal avocava para si a iniciativa e a organização da viagem, e começa o princípio da macacada.
 
Em Maio, a 16, a Câmara recebe um relatório técnico, pedido pela APOS, sobre alterações indispensáveis ao caíque para se poder fazer à viagem.
Mas já no dia anterior, Abúndio Martins de Sousa, no jornal o Olhanense, deixava o alerta para a responsabilidade e empenhamento necessário para o projecto “RUMO AO BRASIL”, e vaticinava assim: «… certamente  o livro editado pela comissão será um precioso documento de estudo, análise e compreensão dos factos atinentes à iniciativa "Rumo ao Brasil"/2008. Nessa altura, já nenhum dos presentes, directa ou indirectamente participantes, figurará entre os vivos, mas a maneira como se configurou face à dinâmica do plano continuará latente, como um legado que fica para os netos,  uma espécie de condecoração de honra a encontrar nas páginas que verterão o testemunho. Mas também pode acontecer o contrário e a  compilação de factos a editar pela comissão será, para os vindouros,  motivo de...
                       Uma coisa é certa, a  História apenas concede duas vias e  não permite  simultaneidade de rumos: a  primeira é a via da honra, na continuação de factos praticados pelos antepassados (os mesmos que se pretende homenagear),   a segunda é  a antítese. Agora, cada  um que faça a sua opção.» .
 
 
Um ano depois, da entrega da proposta, a 5 de Fevereiro de 2008, Francisco Leal cagava para o ar à grande e à francesa, quando afirmava : «O primeiro interessado em que esta viagem se realize sou eu, pois ficarei na história como o presidente da Câmara que promoveu esta nova aventura»  , e «dava a garantia de que tudo está a ser feito para que a viagem se realize e que a comissão criada para impulsionar o projecto está a trabalhar nesse sentido.». Isto, em quanto, no mesmo artigo do algarve online era avançado: « A Associação de Valorização do Património Cultural e Ambiental de Olhão (APOS) não acredita que ainda seja possível levar adiante o projecto da viagem da réplica do caíque «Bom Sucesso» ao Brasil.
Em causa está, alegam, a inércia e falta de interesse da Câmara de Olhão em todo o processo.»
 
.
 
Para a APOS afirmar isto nem precisava de ir à bruxa, pois já só faltavam 152 dias para a anunciada partida. O caíque a criar caramujo e a viagem em sal moura.
Durante 12 meses o presidente da Câmara não mexeu uma palha no assunto, para além de ir alimentado com vagas considerações que tudo ia andando na melhor.
De um projecto consistente, exequível e sustentável, onde se procurava dar projecção e visibilidade a Olhão e ao bicentenário da sua criação, o presidente da Câmara transforma-o num chorrilho de promessas vagas, de ocultações e numa mentira de todo o tamanho: não teve sequer a intenção de alguma vez organizar a viagem.
Do assunto já não fala, não dá uma satisfação aos olhanenses, para ele, estes não merecem mais que o dever de ter que lhe pagar o ordenado e a obrigação de assistirem às homenagens com que se auto presenteia a propósito de tudo e nada como no dia 10, o dia da Freguesia de Olhão.
Na palestra com o Alm. Fonseca, o comandante convidado para capitanear a viagem, que hoje se realizou perante mais de meia centena de atentos ouvintes, ficou claro, no debate que se seguiu, que o caíque, ancorado no Bate Estacas (não neste, mas no outro), jamais poderia fazer a viagem conforme está. F. Leal, sabia-o claramente sabido desde o princípio e agiu ocultado o facto, chegando a falar, mesmo, como se a viagem estivesse eminente.
Meteu este simulacro de viagem dentro de um barrete maior: as comemorações oficiais dos 200 anos. Nomeou-se presidente de uma comissão de faz de contas para a organização das comemorações, que deixa passar o dia maior, o 16 de Junho, e não fez nada, e nem, o que possa arquitectar para outro dia, também emblemático como o 15 de Novembro, dia em 1808, em foi assinado o Alvará Régio da elevação de Olhão a Vila, que possa sair do conciliábulo enfadonho, retórico e elitista, óptimo para bater uma boa soneca conforme consta que estão a preparar.
Em democracia, os eleitos para os cargos de gestão da coisa pública tem obrigações, a sua actuação deve-se reger por princípios éticos e morais onde a lealdade, verdade, honradez a causa pública – o interesse geral, devem ser paradigmas e não um acessório decorativo para ornar a imagem pública, se não quebra-se a confiança .
No caso do caíque não foi isso que se verificou.
Foi uma chafurdice*.
 
* chafurdice nos dicionários: acto ou efeito de chafurdar;
chiqueiro.

 

publicado por Raul Coelho às 17:58
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